segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Noite de Domingo


Reclama da própria profundidade.
E se faz reflexivo noite adentro...
E me pergunta se o deixarei. e se assim o decidir se o avisarei.
que sofreguidão...
E reclama como se amar e querer profundamente  fosse defeito.
eu até poderia fugir, mas já é tarde
me rendi a esse rítmo de ser profundo
De negação da negação.
De desenho feito à mão pelos amores desfeitos e as dores do mundo
De olhos tão lindos, bocas, mãos e emoções sem freios...
Eu já estou na parte da canção que diz: “me explica com que cara eu vou sair...”
e se perguntares direi sempre: estou, sou, permaneço!
Não sou boa com certezas.
Mas as quero todas com você!
salve Hilda Hilst
salve a relação de suas palavras com o que sinto!



Aquela que não te pertence por mais queira
(Porque ser pertencente
É entregar a alma a uma Cara, a de áspide
Escura e clara, negra e transparente), Ai!
Saber-se pertencente é ter mais nada.
É ter tudo também.
É como ter o rio,aquele que deságua
Nas infinitas águas de um sem-fim de ninguéns.
Aquela que não te pertence não tem corpo.
Porque corpo é um conceito suposto de matéria
E finito. E aquela é luz. E etérea.
Pertencente é não ter rosto. É ser amante
De um Outro que nem nome tem. Não é Deus nem Satã.
Não tem ilharga ou osso. Fende sem ofender.
É vida e ferida ao mesmo tempo, “ESSE”
Que bem me sabe inteira pertencida

Porque há desejo em mim,
é tudo cintilância.
Antes, o cotidiano era um pensar alturas
Buscando Aquele Outro decantado
Surdo à minha humana ladradura.
Visgo e suor, pois nunca se faziam.
Hoje, de carne e osso,laborioso, lascivo
Tomas-me o corpo. E que descanso me dás
Depois das lidas.Sonhei penhascos
Quando havia o jardim aqui ao lado.
Pensei subidas onde não havia rastros.
Extasiada, fodo contigo
Ao invés de ganir diante do Nada

...


Espiral do meu enleio
De tanta vida, de tantas formas, cores e sem razões
Do cotidiano que se integra quase que compulsoriamente
Nessa Ásia de se juntar e se misturar
Que une os corpos e entorpece os sentidos
Dos livros vistos na vitrine:
O certo era a gente estar sempre brabo de alegre, alegre por dentro, mesmo com tudo de ruim que acontecesse, alegre nas profundezas. Podia? Alegre era a gente viver devagarinho, miudinho, não se importando demais com coisa nenhuma.”
Salve Guimarães rosa!
O seu/meu Vinícius e tanta poesia guardada...
A sua mania de tão linda de cantar.
Os detalhes dos seu rosto quando sorri!
Essa neblina de Diadorim e esses olhos oblíquos...
Eu já não sei o que fazer.
E dane-se pois o não saber me encoraja
De um querer mais que bem querer que se inaugura
Para jamais esquecer que é Pessoa e não Drumond...
que erro grotesco!!

    Todas as cartas de amor são
    Ridículas.
    Não seriam cartas de amor se não fossem
    Ridículas.
    Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
    Como as outras,
    Ridículas.
    As cartas de amor, se há amor,
    Têm de ser
    Ridículas.
    Mas, afinal,
    Só as criaturas que nunca escreveram
    Cartas de amor
    É que são
    Ridículas.
    Quem me dera no tempo em que escrevia
    Sem dar por isso
    Cartas de amor
    Ridículas.
    A verdade é que hoje
    As minhas memórias
    Dessas cartas de amor
    É que são
    Ridículas.
    (Todas as palavras esdrúxulas,
    Como os sentimentos esdrúxulos,
    São naturalmente
    Ridículas.)

    Álvaro de Campos, 21-10-1935

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

...

Mal dormi e me acordo!
Com seu gosto na boca e o corpo marcado
Sem nenhum cansaço a transpor..
E tenho vontade de cantar e ler poesia o dia todo.
E não me preocupo com tanto sentir que se anuncia
Presumo que sintas.
Na verdade, quero que sintas.
Mas isso já não importa.
Desde que façamos, estejamos, fiquemos.
Enfim...


sexta-feira, 2 de novembro de 2012


Enfim...

Era lá de longe um rosto ...
Depois palavra e música
Enredo, encanto...
Desejo!
A alegria contida que se esparrama no quarto a meia luz
A cadência dos corpos
A descoberta, o toque.
A festa dos sentidos
e o gosto de quero mais ao fim de tudo!


terça-feira, 23 de outubro de 2012

DIALETICAMENTE

A vida posta


a contradição em essência

e várias toxinas...

pessoas tóxicas

pessoas que vão e que vem

pessoas que ficam

se ficam são alento e tudo o mais

cada gesto escondido no vão do tempo

ausência da ideia de definitivo

certeza

incerteza

e o porvir que se desenha

a história assume pontos de vista radicalmente diferentes se contada por quem ganha ou por quem perde



ganhos, perdas...

o reverso

a luta dos contrários

a vida em essência